sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Abrindo as asas.


O Amor pela própria Alma. Amor próprio. Aceitação de si mesma.
Quando ouvimos ou lemos algo sobre aceitar a si mesma, sempre nos vem à mente coisas ruins que temos que aceitar, defeitos, coisas desagradáveis, etc.
Reelendo o livro que inspirou este blog, uma coisa me chamou atenção.
Em uma das suas explicações a autora nos mostra claramente que a aceitação do self tem como principal aspécto a aceitação da nossa beleza, da nossa arte, enfim, daquilo que temos de melhor.
Certa vez fui à cabelereira como de costume, e neste dia ela fez um modelo diferente nos meus cabelos, realmente ficou muito bonito.
Quando ela terminou que me mostrou o trabalho eu disse que gostei, porém estava parecendo que eu iria a alguma festa, e que não tinha necessidade daquilo.
Esta época era uma época de transformação em todos os sentidos pra mim ( posso dizer que ainda estou neste estágio)
Uma época de transformação, onde eu estava lutando contra minha negatividade.
A cabeleireira me respondeu dizendo que eu não sabia ser bonita.
Muito interessante a resposta dela, ela não disse que eu não era bonita, nem que eu era, nem que eu precisava ser.
Ela disse que eu não aceitava a minha beleza.
Na verdade eu não queria ficar bonita.
Pois, com frequência nos privamos do que mais tememos, algumas coisas nos tiram da zona de conforto.
Na dança muitas vezes quando eu era elogiada, não soube aceitar o elogio, com medo do meu orgulho.
Este livro acendeu muitas luzes, muitos insights me vieram.
Como dizia minha mestra de dança, fichas cósmicas caíram.
Essa postura de não querer ser elogiada, ou de não saber aceitar um elogio está relacionada com a aceitação da nossa alma.
Nós sabemos onde somos boas, sabemos do nosso poder de sedução, da nossa inteligência. A mulher já nasce bonita, nossa fisiologia trabalha desde que nascemos para termos formas bonitas, cheiro que atraia o macho, formas arredondadas  e sensuais que agucem os sentidos de quem estiver a nossa volta.
Isso é algo imutável, natural, somos assim porque a Deusa quis assim e ponto final.
Nós mulheres sabemos que somos irresistíveis, por isso muitas se escondem dentro de saias longas, hábitos,  burcas, ou em baixo de longos cabelos descuidados.
Porque se esconder se não apresentamos nenhum perigo...??
Mas o problema é que somos perigosas como as lobas, nossa natureza selvagem é perigosa e mortal para antigos padrões, para nossa tristeza, para nossa zona de conforto, para aquele nosso olhar de coitadinha, para aquele nosso banquinho velho de vítima. E sempre existirá alguém querendo acabar com a nossa raça de mulheres perigosas, assim como fazem com os lobos alegando serem possuídos, ou agressivos e selvagens. O caçador de lobos muitas vezes não é o padre, ou o pastor, o marido ou o namorado, na maioria das vezes somos nós mesmas que caçamos e torturamos nossa alma selvagem, com vergonha dela!
Afinal, a única que tem acesso ao seu interior, à sua mente e espírito é você mesma!
Ninguém melhor do que você mesma para aprisioná-la ou  libertá-la

Termino essa postagem com um trecho do capítulo que me deixou com os olho cheios de lágrimas e com minha alma cheia de mim mesma.

"Uma loba sabe a beleza que tem ao saltar.
Uma fêmia de felino sabe as belas formas que cria ao se sentar.
Uma ave não se espanta  com o som que ouve ao abrir as asas.
Aprendendo com elas, simplesmente agimos à nossa própria maneira e não evitamos nossa beleza natural nem nos escondemos dela. Como os animais, simplesmente somos, e isso é bom."
(Estés Clarissa Pinkola,  Women who run with the wolves)

domingo, 15 de novembro de 2009

Música da Morte


E a música soa, lenta e linda.  Meus ouvidos não querem deixar deouví-la, é como uma droga que sacia meu vício.
Mas é esse seu objetivo, que eu a escute, de novo, e de novo, e de novo.
E cada vez que ela se repete algo me é tirado.
E eu a ouço, não consigo parar, como é lindo e doce seu som, como é maravilhoso, não posso parar.
Desse som depende minha vida, porém édele que vem a Morte.
E como ele é cruel em não tirar de vez a minha vida, não não não... ele tira minha felicidade, meus amores, meus sonhos, meu sorriso, minha beleza, ele vai tirando tudo de mim, e esta última vez, ele  tirou minha esperança.
Porque não me tira a vida?
Leva meu sopro, minha respiração, leva... deixe-me fria, leve meu sangue...pela Deusa!
Quando Ó Morte, quando eu não terei mais que ouvir este som?? Quando essa música acaba?
Eterno..sofrimento eterno...eternidade, sem esperanças nem de morrer... então continue tocando, ó Anjo, continue, é o que me resta, e é tão  lindo, tão doce, tão suave. Não pare...

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Presença


A fumaça do incenso se funde com a melodia, as luzes começam a se misturar com as cores e o ar com o calor.
Ela está aqui, meu ventre pulsa, meus pés esquentam, minha alma se ergue, e assim eu danço, e agora, eu sou a música e a fumaça, eu sou o calor e a vida, eu sou Ela e ela está em mim... um só corpo, uma só alma.
Ela beija meu rosto e seus lábios têm uma luz lilás, ela me olha e seus olhos têm uma luz verde, Ela me toca e suas mãos têm uma luz branca.
Ela fala, e sua voz é dourada!
Sua voz é doce!
como é suave!
Como é forte!
Eu estremeço, e por fim desfaleço!
Ela a Deusa está aqui comigo, e só isso basta!!

Ao leitor

Um dia destes perguntei a alguém qual era meu pior defeito.
Ora, vejam só a minha pergunta.. pior defeito... e por acaso existe melhor defeito?
E por acaso existe pior qualidade?
Como diria meu pai, pergunta medíocre.
Existiam tantas outras formas de se construir esta pergunta para torná-la um pouco mais coerente... sim meus caros amigos, porque menos tola... impossível.
Realmente somos todos complexos, e cheguei à conclusão de que não é a complexidade que está deixando de existir, e sim as pessoas que estão deixando de ter curioidade de estudá-la.

Tentei recuperar esta curiosidade fazendo esta pergunta e acabei percebendo que além de não saber mais formular perguntas, ainda pior que isso, não sei as respostas.
E tudo volta a ser como era, nada mudou, nem a pergunta, nem a resposta, nem a passoa a qual ambas se referem.

Respeitosamente,
Alguém que ainda não se encontrou

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A Luz da alma


Como sempre, faz tempo que não escrevo nada neste blog, e para mim, é sempre muito perigoso estar longe da natureza da loba.
Alguma hora dessas, tenho medo de me enfiar em um caminho sem volta.
Sempre que fico longe da minha alma, mergulho na mais completa escuridão do desespero, esqueço quem eu sou e desacredito da minha beleza, capacidade, competencia... literalmente não consigo enxergar nada disso.
Na escuridão só o que existe é o medo, a incerteza, a insegurança.
Quando finalmente escrevo aqui, é porque surgiu o famoso ponto de luz...
finalmente sei para que direção estava indo e noto o quanto andei desorientada e o quanto me atrasei.
Mas agora que o vejo (o ponto de luz) pouco apouco vou vendo tudo o que me acompanha na escuridão, e vejo tudo aquilo que mais temo. Meus piores pesadelos agora são visíveis, e tenho que enfrentá-los se quiser a mulher selvagem de volta.
Digo que neste momento estou parada, olhando cada um dos fantasmas que me rodeiam, porém , agora posso vê-los, eles não são uma ameaça invisível como outrora.
Posso lutar e seguir em frente , pois minha alma está lá, aguardando que eu lhe dê seu alimento, e eu, estou aqui, ainda com os olhos apertados de tanto tempo que fiquei no escuro.
Não há como çivrar-nos dos nossos piores medos se não nos colocarmos frente a frente com eles.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Mais Fantasmas


Eles ainda existem, e a cada dia posso vê-los com mais clareza, horripilantes ao meu lado, sombras, vultos, vozes que tomam conta de mim.
Por mais que eu os mande embora , que eu os negue, eles continuam me perseguindo , e os arrepios continuam sempre que tenho certeza de sua presença.
Mais fantasmas surgem na medida em que eu tento fugir, e todos os acontecimentos favorecem as aparições.
tampo os meus ouvidos mas os gritos continuam, as vozes me atormentam e me perseguem onde quer que eu esteja.
O pior de tudo não é ter fantasmas perseguindo você, mas sim quando eles te possuem e começam a fazer parte do seu corpo.
Fica muito mais difícil livrar-se deles.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009


Hoje, eu bem que poderia estar no alto de uma montanha, contemplando o horizonte, dentre tantos sonhos que tive, ainda me resta este, o de me isolar por alguns longos momentos.
queria poder sentar na beira de um penhasco... como nos filmes, e simplesmente não pensar em nada, somente contemplar a natureza.
E olhando a imensidão à minha frente, tentar me encontrar neste pedacinho de mundo que sou.
Estes dias estava questionando este pedacinho de mundo.
Questionando minha o porque da minha existencia.
Qual é minha misão??
A mais pura verdade é que me sinto perdida, não sei mais o que estou fazendo aqui, pra que estou aqui.
Não é a toa que este blog tem este título, não sei quem eu sou.
Tenho mãe, irmã e namorado...
Mas o que significo pra eles??
Sinceramente ...isso realmente não importa pra eles, e para mim, o que eu significo pra mim??
Significo alguém que anda em círculos há 26 anos. já fiz um buraco enorme em volta dos meus sonhos, e agora é preciso escalar essas paredes para reencontrá-los, pore´m eu estou sem forças para isso.

por isso quero me sentar, e ver a aurora, sentir a lua chegar e finalmente a noite... Ela... a escuridão e a morte tão suave como o pouso de uma águia...ela virá dar sentido à minha vida, e finalmete olharei nos olhos dela e me encontrarei!!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Fantasmas

Andava a lado dele naquela rua mau iluminada, depois de um dia inteiro lutando contra mim mesma, contrar meus fantasmas que vivem me atacando pelas costas.
Eu andava de mãos dadas, e sentia suas mãos macias, olhava pra frente, mas podia imaginar a fumaça do cigarro saindo sincronizada de sua boca. são uns 40 segundos até nos separarmos.
Sim 40 segundos das escadas do prédio até o ponto em que nos separamos, para ir cada um pro seu lado.
E nesses 40 segundos pude sentir tudo que é possível, amor,  ódio, vontade de me jogar nos braços dele, de empurrá-lo, de fugir e nunca mais precisar sentir nada daquilo, me esconder pra sempre.
Mas, os 40 segundos se prolongaram, e eu acabei falando, acabei com aquela expressão no rosto que antecede a famosa DR.
Não era bem isso que eu queria, mas não conheço outra forma.
E os olhos dele não fitavam os meus. ora, neste mundo quem tem medo dos meus olhos sou eu, quem odeia meus olhos sou eu!! Falar olhando nos olhos... todos conseguem menos eu e ele pelo jeito.
E a conversa acabou, encerrada por mim que começou, nada mais óbvio, eu comecei eu tenho o martelo.
Mas o problema é que minha marelada ainda é fraca, ela não vestiu a roupa de couro nem amarrou o lenço na testa. Muito menos ela subiu em um cavalo nem desembainhou a espada prota pra vencer a luta.
Assim, eu vim de novo, desci do onibus e entrei em outra rua mal iluminada , de paralelepipedos. Feia, deserta, e assombrosa, assim como meus pensamentos.
No outro dia meus sentimentos estavam mais proximos do normal (o que é anormal) eu tinha vontade de amar. amar de todas as formas . Assim como o profeta diz "amai a ti mesmo e ao próximo" "o amor tudo cre, tudo suporta..." "a única coisa que vale a pena neste mundo é o amor " " Ainda que falasse a língua dos homens e a dos anjos... sem Amor eu nada seria" " O amor não se enche de pompa"...
E eu ficaria horas falando sobre o amor , pois tudo termina em amor, amor pela dor ou pela morte, pelo ódio, pelo rancor, o amor leva a todos os outros sentimentos , e todos eles nos levam de volta ao amor!
e eu te amo!!!!!
Era só dizer isso e nada disso seria necessãrio, nem ciúmes, nem insegurança, nem temor, nem loucuras.
Era só eu ter dito que eu te amo!!
Sem esperar que vc falasse também.
Mas eu não disse,
porque infelizmente eu espero que me diga com a mesma verdade ...
que me ama

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Dos Opostos

Hoje ouvia uma música que me dava arrepio nos braços, a música dizia que o céu está no chão.
Quero que o céu esteja no chão pra que eu possa tocá-lo.
É muito fácil quando se tem Deus no céu. Assim quando temos nosso mundo no chão achamos que Ele está lá em cima pra nos ajudar, pois é essa a função deste "Deus " que muitos cultuam : lá de cima atender a orações. Perdoar pecados. Castigar. Vingar.
Agora quando se é pagão, não temos este Deus lá em cima.
O que temos é nossa Natureza divina... ou a Deusa, Espírito Dual.
Ela não está no céu nem nos infernos. Ela está aqui comigo, dentro de mim, Ela faz parte de mim, Ela sou eu.
Sem mim Ela deixa de existir, ela é tudo que sou, e se eu deixar de sê-la ela me deixa.
Complexo não??
Demais meus amigos.
Porque é fácil atribuir a algo ou alguém esses erros, pecados, ou seja lá o que for. é fácil dizer que o que eu quiser alguém ou algo me dará.
A Deusa é o que você projeta, a essência da Deusa é divina mas o humano para a nossa Deusa é Divino, a carne, os desejos, as loucuras humanas, o prazer, tudo o que sou, cada célula do meu corpo é a Deusa.
A música diz também que o céu toca o chão. e dois lados dão as mãos, o chão e o céu.
Por isso eu quero que o céu toque o chão, quero ver onde estou sentir onde estou, e ver os dois opostos agindo aos meus olhos.
O céu não é tão longe assim, depende só do seu ponto de vista. olhe o horizonte e perceba.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Os Lobos (muito interessante)

O lobo (Canis lupus) é um mamífero selvagem, pertencente à família dos canídeos, gênero Canis, considerado o ancestral do cão doméstico. Tem ampla distribuição geográfica, ocorrendo originalmente na Europa, Ásia e América do Norte. Ao longo dos séculos, o lobo foi um dos animais mais temidos e odiados pelo homem, e a caça e destruição do seu habitat o levaram a extinção em várias regiões em que antes era comum.
Características
Os lobos têm os maxilares fortes com dentes afiados. Os machos adultos podem medir 2 metros de comprimento(com a cauda) e pesam até 80 kg. Têm uma visão muito boa. Têm a audição muito aguçada e um olfato apurado. Eles caçam em grupo. Alimentam-se de cervos, alces, carneiros, bisontes, pássaros, peixes e serpentes.
A loba tem em média 6 crias de uma vez, que nascem cegas e sem defesa.
Em 24 horas, um lobo cinzento pode percorrer 200 km enquanto vigia seu territorio.
Sociedade
Alcatéia
Os lobos vivem em grupos familiares chamados de alcatéia. Sua liderança é feita por um macho e uma fêmea alfa, que são os reprodutores. O casal alfa inibe hormonalmente os outros lobos para que eles não acasalem. Os outros membros são em geral ninhadas mais velhas, mas podem ser também lobos não relacionados à família.
Quando a fêmea alfa vai ter filhotes, ela cava uma toca e permanece nela por semanas, pois é ali que os filhotes nascem e vivem seus primeiros dias, quando são mais frágeis. A mãe não permite que ninguém entre, nem mesmo o lobo alfa, a menos que seja para lhes trazer comida. Quando os filhotes estão grandes o suficiente, eles são levados para fora da toca e apresentados aos outros membros da alcatéia. Todos os membros cuidam dos menores. O grupo se reveza patrulhando o território, caçando e tomando conta dos filhotes. Os lobos que chegam de uma caçada regurgitam pedaços de carne para os jovens. Quando os lobos crescem, poderão sair da alcatéia para formar o seu próprio grupo familiar. Os machos tendem a sair mais cedo do que as fêmeas.
Os anos solitários são os mais difíceis pois, como disse Rudyard Kipling, o autor de O Livro da Selva: "O lobo é a força da alcatéia e a alcatéia é a força do lobo".
Caçada
Os lobos, ao contrário dos felinos (como leões, tigres, leopardos), não dependem nem de velocidade nem do elemento surpresa para pegar as presas. A sua estratégia baseia-se na resistência e as caçadas podem durar dias.Podem andar durante vários quilômetros acerca de 10 km/h, mas há casos em que atingem cerca de 65 km/h numa perseguição, caso haja necessidade. Os dentes dos lobos são ideais para segurar a presa, diferente dos dentes dos felinos, que são ideais para dilacerar. Por causa dessas estratégias, os lobos são muito mais eficientes na caçada, sendo mais vezes bem sucedidos do que os felinos em geral. Porém, os lobos não causam em geral carnificinas entre as populações de grandes herbívoros, pois na maioria das vezes caçam animais velhos, feridos, doentes ou filhotes vulneráveis. Assim, fora os filhotes perdidos, eles acabam tornando a manada mais saudável. informação retirada de:http://en.wikipedia.org/wiki/Wolf
Uivo
Canis lupus
Os lobos solitários uivam para convidar uma loba (ou lobo) para se tornar sua companheira (ou companheiro). Então eles se tornam o lobo e a loba alfa de uma nova alcatéia. Os lobos também uivam para comandar caçadas, pedir ajuda, marcar território, chamar outros membros ou simplesmente porque estão com vontade.
Conservação
Antes um carnívoro distribuído globalmente, o lobo agora está extinto em muitas regiões. Encontra-se extinto no Japão e na maior parte da Europa Ocidental, como Grã-Bretanha, Alemanha e Países Baixos. Nos Estados Unidos encontra-se quase erradicado, exceto no Alasca, mas programas de reintrodução da espécie existem desde os anos 1990.
Na Europa ainda há lobos selvagens na Península Ibérica, Escandinávia, Itália, Grécia e Europa Oriental. Na França há uma minúscula população na fronteira com a Itália. A maior população encontra-se na Rússia.
Na Península Ibérica ocorre a subespécie Canis lupus signatus (lobo-ibérico), com uma população de cerca de 2000 indivíduos, dos quais cerca de 300 ocorrem no norte de Portugal.
Apesar dos mitos sobre sua perigosidade, o lobo é um componente muito importante na cadeia alimentar e a sua eliminação causa graves desequilíbrios ecológicos.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lobo

domingo, 12 de julho de 2009

A mulher selvagem


A que uiva, a que sabe do que necessita e corre em busca do que necessita.
Sim, porque a muito não sabemos do que realmente necessitamos.Temos casa, trabalho bem sucedido, família, marido, bens, dinheiro, e quando olhamos para o fundo da nossa alma vemos que não era nada disso do que precisávamos.
A cada conquista vamos afundando a nossa natureza selvagem, para nos adequar às formas da sociedade, da religião, da tradição.
Não quero com esse texto expressar revolta, embora ela às vezes venha á tona como um sentimento não muito saudável. E essa revolta que sinto é única e exclusivamente em relação a mim mesma, não a ninguém.
Quero escrever este texto para me dar esperança de que sou consciênte de cada passo que dou em minha vida, seja ele contra ou a favor da minha alma.
Estava lendo novamente a introdução do livro que inspirou este blog (Estés, Clarissa Pínkola:Mulheres que Correm com os Lobos: mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem Rio de Janeiro:Rocco, 1994) e me lembrei claramente de como me sentia aos meus 12 anos.
Eu visitava o sítio da minha tia que morava no interior de Alagoas em uma cidade do Agreste chamada São José da Laje, lembrei - me claramente, como o sol nascente iluminando minha mente. Um rio corria na frente do sítio, a terra respirava aos meus pés e o cheiro dos animais, do adubo e da sárvores enchia toda a atmosfera. Eu ia até aspedras do rio e ficava lá... olhando... com medo de alguém me achar louca, mas ele me chamava sempre que eu chegava no sítio.
Quantas vezes meu pai, minha mãe minha tia me censuraram porque eu queria andar, pular, sujar-me de terra entrar no rio ... mas eu já era uma "mocinha". E foi exatamente assim que comecei a ter medo de ser selvagem, porque queridos leitores, nos meus 12 anos eu era selvagem e eu nem sabia disso., eu descobri o mundo sozinha, eu observei o mundo sozinha. E a criança, a mãe, a donzela e a Anciã que estão dentro de mim eram vivas, todas as faces daDeusa eram vivas em mim!
O livro explica bem o que é ser selvagem, eu posso dizer que eu reesumo ser selvagem em "algo que não se domestica". E o que é domesticar? É moldar o comportamento de um animal para servir ao homem. (muitos risos). Engraçado como isso não se aplica somente a animais, a quanto tempo nós mulheres não somos domesticadas? Engraçado alguns dicionários definirem a palavra domesticidade= familiaridade.
Mas porque tudo precisa ser familiar??
Porque tudo precisa ser igual?
Voltando à minha infância, como sinto falta do fogo que eu sentia queimando meu coração cada vez que eu encontrava algo na beira do rio, uma pedra, uma pena de uma ave, quando via um cavalo ao longe... e quando montava... quando colhia frutas das árvores, laranjas, acerolas, maracujás.
Certa vez me lembro que estava em baixo do péde maracujá quando avistei uma folha totalmente coberta por lavas. e certa vez descobri uma nova planta que deu um fruto que ninguém conhecia... era da minha altura a arvorezinha...
Lembro-me que eu falava com o açude, e com o vento e ao anoitecer o coachar das rãs me respondiam.
A noite era escura e intensa... era maravilhosa !!!
Eu sentia muitas emoções, eu era cheia de vida, e a Grande Mãe sempre tentou me acompanhar.
Na faculdade que fiz também em outra cidade das Alagoas, eu podia visualizar duas lagoas encontrando-se com o Mar... um fenômeno raríssimo... só há mais um lugar no mundo que se pode ver essa maravilha. Lá dentro havia muito verde e foi lá dentro do Campus que eu senti pela última vez o "fogo" queimar minhas entranhas. Foi quando plantei uma muda de Oliveira!!!
E ainda pude sentir algumas fagulhas ao sentar debaixo dos pés de manga (de saia mesmo) na hora do intervalo.
Hoje olhando o que sobrou da Natália de 12 anos, sinto um vazio, por não ter nunca me entregado de corpo e alma ao rio... quem sabe ele não teria me levado paraminha família de cisnes... ou até mesmo poderia ter me perdido na floresta e ter encontrado Baba Yaga, a Bruxa da casa de doces, ou até mesmo poderia ter encontrado minha família de cisnes, deslumbrantes, aplaudindo-me por eu ter penas negras!

Me pergunto se conseguirei resgatar a Loba... é tão simples e ao mesmo tempo tão complicado .
Trata-se de coragem.
De destemor, de "peito" para enfrentar a dor, "assim como a loba que matou seu filhote que estava mortalmente ferido"- introdução, página 17-.
Enfrentar as perdas,. SSer eu mesma... ter 12, 25 e 90 anos em apenas um dia.
Confesso que senti meu coração em chamas escrevendo este texto!
Aos poucos ela arde eo deixa em carne viva... viva!!
Como é bom sentir o êxtase da vida, e deixar o rio me levar assim como as pedras.
Paz ebençãos para todos!
E que nós continuemos sempre correndo farejando nossa alma, com as orelhas de pé e os olhos brilhantes. Com a intuição e a percepcão femininas à flor da pele!

sexta-feira, 12 de junho de 2009

"O Todo"





Isso realmente é um caso a parte na vida. Conhecer várias pessoas em uma só, mas não pelo fato dela ser mais de uma passoa, e sim porque mesmo sendo a mesma faz ccom que cada dia seja novo.
As mudanças, (fantasia e avesso) as resistências não se manifestam, elas existem e estão bem aqui, andando pelas ruas. Elas entram,vão embora,voltam, saem,retornam. Mil vezes, e nós as esperamos com um sorriso nos lábios como quem sabemos onde elas estavam.
Eu aceito as mudanças... ... sim, aceito, mas não uma aceitação limpida como as nuvens numa noite de verão, mas densas como a neblina no alto das montanhas.
Ah... as montanhas, elas estão tão longe, assim como você. Mas elas simplesmente estão lá, basta olhar pela janela e contemplá-las.
Elas permanecerão intáctas.
E você também permanece impassível.
Isso é realmente um caso a parte na minha vida...e essa parte a cada dia que passa está mais próxima de se tornar "o todo".

sábado, 23 de maio de 2009

Medos


Será em frente a um espelho que me encontrarei, ou será olhando nos seus olhos , me vendo refletida na suas pupilas. Ou será vendo tua dança, tua dança da vida.

É lá que finalmente descansarei, porque finalmente terei me encontrado.

Depois de longos caminhos estarei entregue ao cansaço pois é lá onde irei repousar É lá que você sou eu e eu sou você e nossas vozes vagueiam e nossos corpos cintilam. E nossas vidas se fundem. Será que fechando os olhos, consigo sentir-me ou olhando-te consigo ter-me. Ter, finalmente ter a mim... mas só através de ti?? ou através de mim lá no espelho.

Mais uma vez olho nele e me vejo, e voltam as mesmas dúvidas os mesmos medos, as mesmas loucuras.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Me acostumando


Sabe o que está escrito no meu perfil sobre entender as pessoas?
Então... a preguiça já faz um tempo que foi embora e eu passei bastante tempo fazendo isso (tentando entender as pessoas)
muito esforço mental, dependendo até físico. e no fim vc vê que nada daquilo é real, ou é apenas por um momento.
Os librianos e piscianos vivem bem isso!!!
Mas os leoninos...
É difícil conviver com a instabilidade das outras pessoas, pois somos extremamente instáveis.
O fogo não é o mesmo... nunca, ele é um pra madeira, outro para os gases, outro para os líquidos, outro para os sólidos.
Me pergunto, será que este tempo todo era isso que eu deveria ter aprendido, que as pessoas na verdade são várias pessoas. Tudo depende, e exatamente por isso não devo me apegar em pessoa alguma, pois amanhã ela não será a que eu amei hoje.
UFA!
É incrível como a vida tem evidenciado as fases necessárias. Minha vida parece mais uma cenoura em rodelas... da rodela mais grossa até a mais fininha... quando será que conseguirei juntar essas rodelas e finalmente ser completa??
Talvez nunca não é? Afinal a vida é cheia de rodelas... e talvez cheguemos ao fim dela sem achar todas.
Essa é uma boa conclusão.... acho que não.. mas é essa que tenho no momento.

domingo, 10 de maio de 2009

O Bosque


Na entrada do bosque naquela noite de sábado, senti algo que não esperava que fosse sentir. Era para ser somente mais uma visita ao Bosque Maia, Deusa quantas vezes eu já fui até lá.


Mas havia algo diferente, a princípio achei que fosse o horário, 18h00 a quanto tempo eu não saia na rua ao cair na noite. Ao entrar pelo portão principal comecei a caminhar pelo chão de cimento dividido por um canteiro alto com flores, as luzes que vinham dos globos eram de um amarelo intenso e invadiam os meus olhos, senti um mistério no ar, olhei para o céu e ele estava ainda com resquícios da lua cheia escondida atrás das nuvens. haviam seres que voavam na luz seres brilhantes e travessos, e a medida que eu fui caminhando fui percebendo que o ar estava com um cheiro diferente, meu coração pulava e o nível de adrenalina aumentava a medida que as luzes foram ficando brancas. Senti vontade de parar e de ficar ali contemplando tudo aquilo. cheguei ao pequeno lago, ele sempe esteve ali mas na noite o verde era mais intenso e eu percebi que a água também estava ofegante como eu , podia ver desenhos em círculos de algo que a perturbava, como se alguém tivesse jogado uma pedra. Isso me fez sentir o vento que batia invisível como sempre, mas palpável para mim, ele se misturava aos meus cabelos e tocava de leve meu rosto deixando minhas bochechas frias. Mas eu não estava com frio, eu que sou tão friorenta, não estava com um pingo de frio. A Terra me envolvia com seu calor. e meus passos iam trazendo sua energia comigo. Mudei de caminho, comecei a andar pela parte mais alta do bosque onde o chão é de terra e as árvores estão bem mais próximas deixando uma trilha estreita e quente. Na trilha sentei em um dos bancos embaixo de um dos postes com globos amarelos. E ali permaneci por um bom tempo... meu coração não diminuiu o rítimo nem por um minuto e os seres voadores e terrestres não foram embora até que comecei a ouvir o ruído da chuva lá em cima... batendo nas folhas densas das árvores, e ali permaneci até o momento em que elas não puderam mais suportar e deixaram cair algumas gotas no meu rosto. a chuva não me incomodou nem me deixou preocupada... por mim teria ficado lá... no banco molhado, por mim teria tirado meu tênis e colocado os pés na terra molhada. e deixado meus cabelos se encharcarem. Mas , fui até a tenda e fiquei lá com medo da chuva e enfim comecei a sentir frio.


O medo me dá frio. e as crianças ainda brincavam dentro da tenda e eu ouvia seus gritos e risadas sem as observar. até que a chuva se foi... e eu também. Afinal é apenas um bosque, ele


não podia abrigar a mim e às crianças. Todos teríamos que ir embora mais cedo ou mais tarde, pois um simples passeio é um simples passeio, e não pode durar para sempre.


Mas eu voltarei lá, para sentir o verde do lago, o amarelo dos globos, o cheiro do ar, o grito das crianças, o calor da terra!!

sábado, 25 de abril de 2009

Princípio do Eixo


Eixo é um "ponto " imaginário em volta do qual se realiza o movimento de um corpo.




Estive hoje refletindo sobre o significado do eixo, fisicamente falando temos este conceito que eu tentei formular, não sei se é o correto mas foi o que consegui.




No estudo da dança do ventre, o Eixo é um ítem bastante explorado. Nossa coluna vertebral é nosso eixo, existem várias filosofias que estudam isso e aprofundam ainda mais a busca do alinhamento deste eixo. Nós somos mente, espírito e corpo, e para nós o que é mais fácil de trabalhar? Lógicamente o corpo , pois é o que vemos e podemos pegar é o que há de concreto. Se conseguirmos alinhar o eixo do nosso corpo, a energia fluirá na nossa mente e espírito. Na dança do ventre, nós trabalhamos músculos que não são trabalhados no dia a dia e em outros exercícios, estamos acionando partes do nosso corpo que muitas vezes jamais foram acionadas. Despertamos a memória corporal e entramos em contato com o mais íntimo de nós mesmas, com feridas adormecidas que precisam ser tratadas, lembranças que estão guardadas e que podem nos levar para a escuridão. Trazendo tudo isso à tona o que acontece com nosso eixo?? Imagine você, uma professora pedindo para a aluna dançar com o tronco parado e movimentar somente os quadris ou vice versa, ela precisará soltar uma parte do corpo e "prender" outra ou seja, um movimento totalmente novo para ela, até ela achar o meio termo a coluna sentirá dificuldade de obedecer à divisão , os músculos não irão obedecer e os pés não ficarão totalmente no chão a princípio, entre outras coisas , pois cada corpo reagirá de uma forma diferente. Da mesma forma as feridas e lembranças, sentimentos de toda espécie ao voltarem ao consciente desequilibrarão energéticamente a aluna... a medida que ela se familiariza com o exercício, entende sua mecânica não será mais necessário tanto esforço para executá-lo e à medida que o exercício vai ficando mais leve e mais fácil o subconsciênte vai analizando melhor as coisas que estão vindo para curar a pessoa.




O que acontece quando algo está fora do seu eixo?




Das duas uma ... ou cai, ou se escora em algo.



E por incrível que pareça, isso acontece energéticamente. Muitas vezes quando colocamos nossa felicidade, nosso prazer em outra pessoa ou seja quando dizemos pra nós mesmos que nossa felicidade , segurança e prazer dependem de outra pessoa, estamos nos "escorando "nela. Na maioria das vezes a pessoa com esse perfil tem a mania de bajular as pessoas, fazer de tudo pelo namorado, ou por aquela amiga que sempre aparece às suas custas, ou pelo chefe, etc. Então torna-se extremamente perigoso, pois a "escora" pode não aguentar...e aí onde vamos parar?? vc sabe?



LITERALMENTE NO CHÃO




Estar no eixo é se auto-conhecer, é saber;


Quem sou eu?


O que quero?


O que faço para conseguir?




Estar no eixo é se amar, é ter o coração repleto de amor por si mesmo "ame seu próximo como a si mesmo" . Isso significa que sem amor a si mesmo jamais conseguirás amar alguém. Você já deve ter ouvido isso um milhão de vezes, mas já parou pra pensar que se você está escorando em alguém ou em algo, todo amor que você diz sentir por essa pessoa é mentira? que esse amor é falso?


Que na verdade vc não é tão boazinha como diz pra si mesma que é pois está vampirizando as pessoas.


É duro, mas é isso mesmo, mantenha-se no seu eixo.


Dói as costas, pois a postura está viciada, dói os ombros porque os músculos estão fracos, dói o ego porque vc terá que encarar o peso que é ser você mesma.

Mas depois que seu corpo pegar o jeito permanecer no eixo será algo leve e gostoso, vc se sentirá auto-confiante, e transbordará luz e amor!!










segunda-feira, 6 de abril de 2009

Semente Sagrada

Pretendo neste pequeno mundo meu aqui exposto na web colocar-me finalmente com simples palavras.
Afinal, existe algo mais simples do que uma semente?
Uma semente é algo primordial, é o início, a pureza.
Somos sementes, cada um de nós. Esta semana que começa é uma semente.
O sagrado faz parte de nós por sermos sementes, a semente morre pra nascer, e todo nascimento é sagrado e toda morte é sagrada. Frágeis, indefesas, entregues, as sementes não escolhem onde germinarão. Simplesmente estão alí, e vivem...
As sementes produzem sementes em seus frutos, elas estão bem aqui conosco, inúmeras, cheias de vida, como crianças brincando.E das sementes saem sementes ...que dão sementes. E o ciclo da vida flui. e Íris derrama suas águas de ventre em ventre.
E é isso, somos sementes, somos o início, somos o novo, e a cada dia nascemos do ventre da Deusa.
Afinal descobrimos onde está a vida?a tal vida em abundância?
Ela está em mim, em você.
Pois somos Sementes.

terça-feira, 31 de março de 2009

Ainda a Ceifadora..


É isso mesmo... não é uma história de mentirinha, ela está mesmo presa à nossa rede e vem logo depois de nós. Por mais que tentemos correr pra longe dela.

Enquanto não a acolhermos em nosso pequeno iglu não seremos curados.

O que vocês acham? Isso é uma punição? Ter ao seu lado algo ruim, assustador e inevitável??

Ou uma porta aberta para a cura?Onde através dela, Da Mãe Kali, da Mãe Morte, finalmente fecharemos nossas feridas... e como é doloroso tratar as feridas... dói, arde, é terrível. É muito melhor deixar necrosar, assim nem sentiremos que a ferida está ali... pois ela nos fará apodrecer aos poucos.

Louvada seja a Deusa Kali Ka, por trazer junto com sua terrível punição os remédios para finalmente curar minhas feridas... dói, dói muito... mas é necessário, assim voltarei a sentir minha alma viva e reluzente, minha alma que antes apodrecia da escuridão do ego.

Obrigada ó Grande Mãe pelas dores, pelas lágrimas, pelo desespero, que agora se transformam, ao seu lado, em amor, paz, tranquililidade e alívio!!

Bentita seja A Ceifadora! Bendita seja do fundo do meu coração!

domingo, 29 de março de 2009

A Ceifadora




“Ela havia feito alguma coisa que seu pai não aprovava, embora ninguém mais se lembrasse do que havia sido. Seu pai, no entanto, a havia arrastado até os penhascos, atirando-a ao mar. Lá, os peixes devoraram sua carne e arrancaram seus olhos. Enquanto jazia no fundo do mar, seu esqueleto rolou muitas vezes com as correntes.Um dia um pescador veio pescar. Bem, na verdade, em outros tempos muitos costumavam vir a essa baía pescar. Esse pescador, porém, estava afastado da sua colônia e não sabia que os pescadores da região não trabalhavam ali sob a alegação de que a enseada era mal-assombrada.O anzol do pescador foi descendo pela água abaixo e se prendeu - logo em que! - nos ossos das costelas da Mulher-Esqueleto. O pescador pensou: “Oba, agora peguei um grande de verdade! Agora peguei um mesmo!” Na sua imaginação, ele já via quantas pessoas esse peixe enorme iria alimentar, quanto tempo sua carne duraria, quanto tempo ele se veria livre da obrigação de pescar. E enquanto ele lutava com esse enorme peso na ponta do anzol, o mar se encapelou com uma espuma agitada, e o caiaque empinava e sacudia porque aquela que estava lá embaixo lutava para se soltar. E quanto mais ela lutava, tanto mais ela se enredava na linha. Não importa o que fizesse, ela estava sendo inexoravelmente arrastada para a superfície, puxada pelos ossos das próprias costelas.O pescador havia se voltado para recolher a rede e, por isso, não viu a cabeça calva surgir acima das ondas; não viu os pequenos corais que brilhavam nas órbitas do crânio; não viu os crustáceos nos velhos dentes de marfim. Quando ele se voltou com a rede nas mãos, o esqueleto inteiro, no estado em que estava, já havia chegado a superfície e caia suspenso da extremidade do caiaque pelos dentes incisivos. - Agh! - gritou o homem, e seu coração afundou até os joelhos, seus olhos se esconderam apavorados no fundo da cabeça e suas orelhas arderam num vermelho forte.- Agh! - berrou ele, soltando-a da proa com o remo e começando a remar loucamente na direção da terra. Sem perceber que ela estava emaranhada na sua linha, ele ficou ainda mais assustado pois ela parecia estar em pé, a persegui-lo o tempo todo até a praia.Não importava de que jeito ele desviasse o caiaque, ela continuava ali atrás.Sua respiração formava nuvens de vapor sobre a água, e seus braços se agitavam como se quisessem agarrá-lo para levá-lo para as profundezas.- Aaagggggghhhh! - uivava ele, quando o caiaque encalhou na praia. De um salto ele estava fora da embarcação e saia correndo agarrado a vara de pescar.E o cadáver branco da Mulher-esqueleto, ainda preso a linha de pescar, vinha aos solavancos bem atrás dele. Ele correu pelas pedras, e ela o acompanhou.Ele atravessou a tundra gelada, e ela não se distanciou. Ele passou por cima da carne que havia deixado a secar, rachando-a em pedaços com as passadas dos seus mukluks.O tempo todo ela continuou atrás dele, na verdade até pegou um pedaço do peixe congelado enquanto era arrastada. E logo começou a comer, porque há muito, muito tempo não se saciava. Finalmente, o homem chegou ao seu iglu, enfiou se direto no túnel e, de quatro, engatinhou de qualquer jeito para dentro. Ofegante e soluçante, ele ficou ali deitado no escuro, com o coração parecendo um tambor, um tambor enorme. Afinal, estava seguro, ah, tão seguro, é, seguro, graças aos deuses, Raven, é, graças a Raven, é, e também a todo-generosa Sedna, em segurança, afinal. Imaginem quando ele acendeu sua lamparina de óleo de baleia, ali estava ela - aquilo - jogada num monte no chão de neve, com um calcanhar sobre um ombro,um joelho preso nas costelas, um pé por cima do cotovelo. Mais tarde ele não saberia dizer o que realmente aconteceu. Talvez a luz tivesse suavizado suas feições; talvez fosse o fato de ele ser um homem solitário. Mas sua respiração ganhou um que de delicadeza, bem devagar ele estendeu as mãos encardidas e, falando baixinho como a mãe fala com o filho, começou a soltá-la da linha de pescar.- Oh, na, na, na. - Ele primeiro soltou os dedos dos pés, depois os tornozelos.- Oh, na, na, na. - Trabalhou sem parar noite adentro, até cobri-la de peles para aquecê-la, já que os ossos da Mulher-esqueleto eram iguaizinhos aos de um ser humano.Ele procurou sua pederneira na bainha de couro e usou um pouco do próprio cabelo para acender mais um foguinho. Ficou olhando para ela de vez em quando enquanto passava óleo na preciosa madeira da sua vara de pescar e enrolava novamente sua linha de seda. E ela, no meio das peles, não pronunciava palavra - não tinha coragem - para que o caçador não a levasse lá para fora e a jogasse lá embaixo nas pedras, quebrando totalmente seus ossos.O homem começou a sentir sono, enfiou-se nas peles de dormir e logo estava sonhando.Às vezes, quando os seres humanos dormem, acontece de uma lágrima escapar do olho de quem sonha. Nunca sabemos que tipo de sonho provoca isso, mas sabemos que ou é um sonho de tristeza ou de anseio. E foi isso o que aconteceu com o homem.A Mulher-esqueleto viu o brilho da lágrima a luz do fogo, e de repente ela sentiu uma sede daquelas. Ela se aproximou do homem que dormia, rangendo e retinindo,e pôs a boca junto a lágrima. Aquela única lágrima foi como um rio, que ela bebeu,bebeu e bebeu até saciar sua sede de tantos anos.Enquanto estava deitada ao seu lado, ela estendeu a mão para dentro do homemque dormia e retirou seu coração, aquele tambor forte. Sentou-se e começou a batucar dos dois lados do coração: Bom, Bomm!... Bom, Bomm!Enquanto marcava o ritmo, ela começou a cantar em voz alta.- Carne, carne, carne! Carne, carne, carne!- E quanto mais cantava, mais seu corpo se revestia de carne.Ela cantou para ter cabelo, olhos saudáveis e mãos boas e gordas. Ela cantou para ter a divisão entre as pernas e seios compridos o suficientepara se enrolarem e dar calor, e todas as coisas de que as mulheres precisam.Quando estava pronta, ela também cantou para despir o homem que dormiae se enfiou na cama com ele, a pele de um tocando a do outro. Ela devolveu o grande tambor, o coração, ao corpo dele, e foi assim que acordaram, abraçados um ao outro,enredados da noite juntos, agora de outro jeito, de um jeito bom e duradouro.As pessoas que não conseguem se lembrar de como aconteceu sua primeira desgraça dizem que ela e o pescador foram embora e sempre foram bem alimentados pelas criaturas que ela conheceu na sua vida debaixo d'água.As pessoas garantem que é verdade e que é só isso o que sabem.”






Já falei várias vezes aqui sobre o ciclo da "vida- morte-vida.
Quando entederemos este ciclo, já que o que nos mostram é somente um começo e um fim.
A Ceifadora, A Morte, Ela vêm, a Deusa do Sangue e da Dor. Ela é inevitável.
Quando, em fim, compreenderemos que assim como o pescador que enrroscou sua linha nos ossos da Mulher Esqueleto e tentando fugir só fez com que ela criasse mais vida rebatendo seus ossos presos à ele, nós não poderemos fugir desse ciclo, nem muito menos viver sem ele, em uma vida morna presos em nosso iglu saindo de vez em quando pra pegar um peixe no lago congelado do nosso self.


Assim como o pescador, acenda a vela, aqueça o Os Ossos da Mulher Esqueleto, e verá o quão doce ela se tornará. ela irá te sugar a vida, te enfraquecerá, sugará sua alma e sua energia, ela te matará aos poucos, e quando você acordar ela estará ao seu lado, cheia de carne, com seios fartos, cabelos longos, mãos gordas e serão essas mãos que finalmente te devolverão o seu coração e tudo que precisa para se recuperar.


Desenrrosque a linha do anzol e a deixe ficar... você não estará mais só, nunca mais.
História retirada do livro "Mulheres que Correm com os Lobos de Calrissa Pínkola Estés."
Imagem "Chalchiuhtlicue, a Deusa asteca Mãe nutridora"


sexta-feira, 6 de março de 2009

Não serei breve...


Todos os dias quando vou e volto do trabalho eu leio...no momento estou lendo o segundo volume de Ramsés antes disso, em janeiro deste ano quando comecei a trabalhar neste emprego eu li "O Silêncio dos Domingos" Mulheres que correm com os lobos", comecei a ler cem anos de solidão mas não gostei e não terminei. Sempre escolho um lugar no ônibus onde a lâmpada esteja funcionando... e o horário que eu saio me é favorável por ter pouco movimento de passageiros. Assim mergulhada nos livros, eu não vejo a estrada, nem os carros, nem as pessoas na calçada, nem as que entram do ônibus, nem as que saem do ônibus. Mergulho completamente na história como se vivesse no corpo de cada personagem, tento sentir suas emoções, temores. imagino cada detalhe de cada cena descrita. Assim, eu nem percebo que aquele caminho me leva de volta pra solidão em que vivo. Nem percebo ...
Cada dia que passa, mergulho mais e mais nas histórias, quanto mais difícil se torna mais eu leio e leio... e assim eu chego.
Quando chego o meu encontro com a solidão que me esperou durante o dia inteiro é até calorosa... visto que ela é a única que ainda me espera. Ela nunca me deixou, sempre está comigo, gelada e úmida como uma mancha de mofo na parede. Mas está aqui sempre que chego.
Cansada, ela logo me chama para deitar-me ao seu lado, e eu obediente e partilhando de seu cansaço logo durmo.

Vou dormir pensando no amanhã onde novas páginas serão lidas e novamente ela me recepcionará.
E assim passam-se meus dias... em páginas escritas que estão grudando em mim.
aos poucos perco o sentido da vida... aos poucos os livros acabam, a última página é lida , a história termina e lá vou eu atrás de outra. Sempre julgando ser a mais nova melhor que a anterior... e a próxima melhor que a última. E assim vai... assi não preciso olhar o movimento dos carros nem das pesoas, nem de mim mesma. Por mim ficaria ali mesmo, não desceria nunca do ônibus eestaria sempre indo embora... sempre , sempre... indo e indo ... embora pra onde não sei mas lendo e indo embora pra nunca mais me encontrar com a solidão deixá- la esperando pra sempre, assim me vingaria dela .
Alguém pode por favor escrever um livro tão extenso quanto a minha vida? Pra que ele se acabe junto comigo?
Por favor.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009


Naquele tempo a vida era bonita , as palavras dos livros coloridas e suas histórias tinham vida!

Naquele tempo meus olhos brilhavam e meus desejos pulsavam no meu coração. As nuvens cobriam o sol levadas pelo vento, e eu podia ver a sua sombra correndo no chão como as grandes asas de uma águiacruzando o céu. Naquele tempo eu sentava no banco da pracinha só pra curtir meu sono e me deixava aquecer pelos raios de sol da manhã.

Naquele tempo eu amava... com todas as minhas forças... amava com minhas entranhas... a pessoa que eu amava não tinha nome nem cor, nem raça, nem nada... eu simplesmente amava, e meu amor, era palpável, era materializado.

Naquele tempo eu prendia duendes na janela com minhas maçãs suculentas. eu via as fadas voarem com os pássaros e eu virava sereia na beira da praia. Quando eu ia dormir eu sentia as mãos dos Espíritos me acariciarem.

Eu podia ver o que acontecia no interior das sementes e muitas, muitas vezes via meus pensamentos se misturarem entre si como um grande saco de confetes coloridos. Naquele tempo eu fazia promessas, votos e juramentos que são vivos até hoje pois foram feitos com muita sinceridade. E as minhas promessas foram todas cumpridas.

E o tempo naquele tempo... como era? ela sempre foi o Tempo. ele me acompanhou, e ele continua o mesmo, e ele me trouxe pra mim. Ele me trouxe com cautela para que eu não me perdesse de vez. Ele me carregou no colo logo que eu perdi as primeiras unhas feridas de tanto caminhar na estrada errada.

E agora quase sem meus pés eu estou me vendo, estou aqui de frente pra mim, e vejo que não foi o tempo quem me deixou marcas, fui eu mesma quem me deixei de lado! e se não fosse o tempo estaria perdida.

O grande saco de confetes coloridos está esparramado no chão... mas afinal não é pra isso que servem os confetes? Logo se junta outro saco e assim vai indo... vai indo... o tempo juntará um a um quando for necessário.

De tudo isso eu só lamento não ter conseguido recuperar aquele amor... pois era ele, ele tinha se tornado uma pessoa e eu amava o amor, e eu o deixei...

O tempo insiste em me dizer que o trouxe junto com as palavras vivas do livro e junto com os duendes,fadas e sereias... mas eu não o vejo. E por isso tenho muita raiva do tempo. ele mentiu pra mim, deixou meu amor se perder. Só ele pode traze-lo de volta!

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Medo


É incrível como o medo muda uma pessoa.

O medo é capaz de mudar até um caráter.

É capaz de fazer uma pessoa cometer atos impensados, ou omitir seus sentimentos.

Quem quer que o medo seja enfim realidade...? Ninguém... por isso muitas vezes é melhor não fazer nada... ficar calado ou permanecer imóvel, vendo tudo ser destruído aos poucos... sim está tudo caindo, porém aos poucos, " E se tomando uma atitude cair tudo de uma vez?"

Não, não... é bem melhor assim, devagar, pedaço por pedaço, assim quando já não houver mais nada talvez nem esteja mais aqui, ou já tenha me acostumado com a dor e o vazio!